“Doí, vai doer e vai doer muito”.
E foi tudo o que me comunicaram acerca da recuperação relativa à amigdalectomia a que me ia submeter.
E porque amigdalectomia?
Critérios sérios e sensatos (e não modas ou soluções rápidas) que levam a considerar a extração das amígdalas mais proveitoso que a sua existência.
. de 5 a 7 episódios de amigdalite aguda 2 anos consecutivos (em adulto: é de 3 a 5 episódios)
. amigdalite crónica – formação de criptas (pequenas bolsas ou cavidades na pele da amígdala) onde acumula alimentação que se vai deteriorando – causando dor, mau hálito e infeção.
. abcesso – que resista à medicação e/ ou necessite de drenagem
. amigdalite aguda acompanhada de outra perturbação da orofaringe (ex: otites, inflamação das adenoides, ect.)
. amígdalas hipertróficas – o excesso de amigdalites agudas tem por vezes o efeito de “fazer aumentar” o volume normal da amígdala, e esse aumento dificultar a deglutição e/ou a respiração.
. a não resposta consecutiva à medicação antibiótica – ou, alergia a essas medicações (ex: penicilina – 1ª ferramenta de combate contra as amigdalites)
. continuação de episódios de infeção após a adolescência – até aqui, é “normal” uma criança ter cerca de 4 episódios anuais (normalmente coincidentes às mudanças de estação). Da adolescência em diante, é suposto essa frequência esbater-se e desaparecer.
Cirurgia e Recuperação: Crianças VS Adultos
“Em criança, as amígdalas são como bagos de uva. Só cortamos o pé” - palavras da Diretora do Serviço de ORL do Hospital de Santo António do Porto.
A cirurgia, de anestesia geral, pode ter várias formas de “corte” - e nesta matéria, como é ÓBVIO, não poderei falar muito.
Acontece que, sendo o corte “pequeno”, a criança permanece, habitualmente, 1 noite no hospital, para que se excluam, ou dêem a assistência conveniente, a uma possível hemorragia, visto haver cauterização dos vasos e não “sutura”.
Muitos líquidos é a regra mestra à recuperação.
Gelados e coisas frias e 3 dias depois – estão prontos a ter Paz!
Nos adultos, o processo de “corte” termina, em grande número em sutura, sendo aquela que posteriormente oferece menor risco de hemorragias.
E... a “sutura” (sim... agulha e linha) deve-se ao facto que as amígdalas, sejam elas de que tamanho forem, estão parcialmente “absorvidas” pelos músculos adjacentes, o que obriga, na sua extração, a um largo ferimento.
Aqui, processa-se a um ambulatório (na gíria: corte, cose e põe-te a andar daqui!) – o risco de hemorragia é pequeno, e a acontecer será aquando o inicio da cicatrização: 3 dias depois.
E...
E aqui a coisa “fede”. É aqui que começa realmente a diferença...
Do 3º dia em diante, adultos, PREPAREM-SE, pois...
Regra básica: custe o que custar- beber muito – ou acabam no hospital, carregados de dor, desidratação e hemorragia...
Bem... certamente, varia de pessoa para pessoa, da resistência e sensibilidade de cada um. Para já, o que posso dizer foi o que a mesma Sra. que me operou, me disse, 12 dias depois da cirurgia, sem eu sequer abrir a boca, e só de me ver quando entrei pela porta do consultório: “eu sei, está a doer muito”...
Resumindo:
Se os V/ filhotes, irmãos, tios e vizinhos, amigos e inimigos sofrem desta “peste” - falem com um otorrino.
Não se “fiem” no seguro de saúde – peçam opinião aos 2 lados dos “prestadores do serviço de saúde” e certifiquem-se se necessitam efetivamente da cirurgia.
Experimentem antes todos os métodos de profilaxia e tentem desde vacinas a alterações no V/ estilo de vida e alimentação.
Eu depois conto o resto...